Presa!



Presa no que penso de mim e no que espero dos outros. Presa pelas palavras que uso de forma incansável, por entender que apenas por elas e com elas saberei o que querer e de que forma me querem. Presa a uma alma eternamente jovem, a que acredita, porque o sente, que pode tudo enquanto arriscar querer. Presa ao que construí, com muito cuidado, construindo-me para quem me souber ter e manter.


Por vezes sangro por dentro sem o poder evitar, porque exijo demasiado de mim. Nunca aceito as impossibilidades até que se torne impossível continuar em frente. Já aprendi, há algum tempo, que quero apenas arrepender-me do que tiver tentado, fazendo o que sentia ser o mais certo e não me impedindo de pelo menos me sentir. Estar presa a convenções, ao que os outros consideram ser certo, matando da forma mais dolorosa e devagarinho cada desejo e sentimento, já não é para alguém como eu. Já sou mais, porque quero e tenho mais de mim mesma. Estar presa numa prisão emocional, vendo o tempo fugir-me das mãos, nunca mais será uma opção. Sei o que preciso de saber para estar como terei que estar, sendo o que apenas eu consigo.

Presa a ti até que posso estar, mas apenas e enquanto te sentir preso a mim. Presa a ti, mas nunca em demasia e nunca de forma a nos afogarmos ambos. Presa a ti enquanto o amor que me passas for na mesma onda do que te devolvo. Presa sem grilhetas, apenas com os desejos que posso fazer crescer, mas apenas se os puderes aguentar. Presa, até que me forces a libertar-me e aí seguirei como cheguei, apenas eu e levando apenas o que não te fizer falta.

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