Sem pele!

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Não há quem sobreviva à falta intensa de pele. Ninguém resiste aos olhares que acabam a olhar-nos quando tudo o resto, mesmo de quem nos está colado, se foi sem prazos, sem limites e sem que se saiba o quando. Ninguém quer viver sem ter, sem se colar na pele que a nossa aceitou e já respira. Ninguém quer um amor que não tem nome, nem face, nem lugar. Sem pele há medo, muitos, daqueles que nos arrepiam e deixam num desconforto que nos muda até os movimentos. Os ciúmes avolumam-se, ficam tão intensos, que apenas a ideia de que o outro corpo seja tocado ao de leve por uma  mão que não a nossa, desgasta-nos por dentro. Quando não há pele porque não se  quer, porque o outro já não está em nós, então não há nada a perdoar, apenas se tem que deixar ir, mas quando nos queremos de forma ainda mais intensa, sentindo bem dentro tudo o que já foi e se teve, é preciso que volte, que chegue e nos recorde de como era bom.

Se de cada vez que se fechar os olhos a imagem for a mesma. Se o sabor na nossa boca tiver permanecido. Se a dor apenas servir para se querer mais, então que chegue tudo o resto, que venha a pele e se misture, fazendo escorrer tanto prazer que até o mundo pare e se renove, como nos renovaremos nós, dentro, bem dentro de quem afinal nunca saiu, apenas se distanciou. Sem a pele de quem mexe com a nossa, restamos apenas nós e nem sempre basta!

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