Se não me conhecer!





Se não souber de onde devo beber para que a minha luz não se apague. Se não me conhecer melhor do que todos os outros, sabendo ao que sabe cada sabor, o novo, o que já provei e todos os que apenas provarei quando estiver realmente pronta, parte de mim apenas deambulará por aqui, à espera.

Muito do que poderá acontecer não passará só e apenas por mim, por vezes a luz ficará mais ténue e quase que se apagará, mas eu sei que nunca deixarei, nem por um minuto, que exista outro que me conheça assim, como me conheço eu, e que possa decidir por mim, levando-me, mesmo que para os lugares certos, se eu não souber que devo e tenho que ir.

Os dias serão como os fizer, mesmo que com ajustes, com avanços e recuos, mas sempre comigo ao comando, porque apenas eu poderei saber do que acontece em mim. Os dias até poderão ser mais duros para quem sente que sabe do que fala, mas a minha voz terá sempre que soar a mim, em cada timbre que também escuto com atenção, nas variações, nos tremores, nos medos e nas dúvidas que se instalam, inevitavelmente, quando a tristeza e a dor são mais poderosas do que tudo o que arrisquei escolher.

Se não me conhecer, o que disser, o que fizer, o que procurar e conseguir, nunca será da forma que reconhecem os outros, porque o que faz de mim esta mulher que estranha porque se entranha, não é o exterior, não são os olhares, nem tão pouco os lábios, são todos os pedaços que se juntam naturalmente.

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