Na chuva!


Tenho ciúmes da chuva que toca a tua pele, a que se mistura com o vento que te fustiga, que te envolve num abraço gelado, mas que te faz arrepiar como nunca saberei... Tenho pena de não fazer parte das tuas noites, de não saber o que sonhas e de quem se deita ao teu lado tocando-te, como a chuva, de mansinho e enrolando-se no abraço que não poderei sentir, deixando-me com ciúmes do que tens, do sorriso com que a presenteias e das lágrimas que lhe seguras quando se entrega, porque te pertence.

Estou a olhar para as minhas mãos, tentando perceber porque nunca conseguirão estar perto o suficiente para te tocar, como o faz o vento, o sol que te põe os cabelos da cor do ouro e te abre o olhar que brilha num brilho que nunca será meu, nem por mim. Estou a deixar correr a água forte, para que me fustigue esta sensação de vazio que carrego por não te poder sentir, por saber que o que sei está certo e que o meu coração despedaçado é apenas por te saber feliz sem mim.

Se deixarem eu morro uma vez só para te ver do outro lado, para estar nos pedaços de pele que já me tocaram, para parar de morrer quando perceber e vir que mesmo sendo difícil terei que estar feliz por seres feliz, mesmo sem mim!

Na chuva lavo a alma e reparo cada sensação que não tenho como reproduzir. Na chuva sou eu a dizer-te que não há nada que possas fazer, já não. Na chuva, molhado por dentro e de mãos frias, as que mesmo estendidas nunca chegarão até a ti, sei que me posso perdoar e retorno ao lugar de onde saí quando te consegui tocar.

Enviar um comentário

0 Comentários