Olhares desconhecidos!

The Usual Suspects (Line up) by my buddy Faisal Almalki:

Pessoas que se cruzam nos nossos caminhos, estranhos que até poderiam vir a ser amigos, almas que certamente padecerão dos mesmos males, mas olhares desconhecidos e histórias que a nossa história não reconhece.

Somos tantos, mas a cada dia tão poucos. Poucos os que se importam genuinamente com o que importa ao outro. Somos tantos, mas os momentos correm demasiado velozes, atropelando quem apenas queria caminhar, devagar, usufruindo do tempo que o tempo ainda permite. Somos tantos, mas não nos conhecemos, não nos dispensamos os cuidados que certamente nos sanariam as tempestades interiores. Somos tantos, mas não somos ninguém, e na maioria das vezes bastaria um sorriso, um acenar seguro, de cabeça, um olhar brilhante e todo o mundo passaria, realmente, a ser o mundo onde queremos viver.

Olhares desconhecidos, mãos que deixaram de se abrir, de confiar, amargos de boca que ninguém parece conseguir adoçar. Olhares cada vez mais desconhecidos, até dos que estão em nós, connosco, tão dentro como nunca ninguém esteve, mas que apenas nos inflamam os vazios, as dúvidas e as incertezas num futuro com luas mais cheias e de cores que nenhuma outra iguala. Olhares tão desconhecidos que nos tornamos, nós mesmos, estranhos, impotentes, incapazes de mudar os rumos e frágeis o bastante para quase desistirmos de nós.

Não estamos mais atentos. Não nos preocupamos mais. Não nos abrimos aos outros, não aceitamos a nossa mortalidade e incapacidade de sermos felizes, sozinhos. Não estamos mais humanos, mas continuamos a ter medo até da sombra, talvez porque deixemos que o sol encubra a luz que realmente importa. Não estamos a olhar, com atenção, quem até nos olharia de volta, se ao menos parássemos, umas quantas vezes e levantássemos a cabeça que teimamos em deixar cair.

Os olhares desconhecidos que se nos vão entrando alma dentro, forçam-nos a afastar quem até já nos pertenceu!


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