Assusta mesmo...

Penelope Cruz:


Assusta mesmo perceber a quantidade de pessoas que anda desiludida com os que se vão cruzando nos seus caminhos!

O que andamos todos a fazer afinal? Será que acreditamos mesmo que o reverso da medalha não chegará? Somos assim tão poderosos e resolvidos, que podemos andar a desperdiçar amor? E a tal da idade, não me digam que descobriram o célebre elixir, e que se vão manter para sempre jovens de coração a bater a todo o vapor, com sorrisos triunfantes e as pernas a seguirem a mente?

Somos uma cambada de mal amados, zangados com a vida, preocupados em não perder o nosso território e não antecipando que em breve ele deixará de existir. Parámos de acreditar que dois se manterão mais fortes e protegidos contra os que chegarão para nos forçarem ao que não desejamos. A velhice chegará meus amigos, e com ela as mágoas de paixão, os arrependimentos tardios, a solidão e o inevitável desamor.

Não quero continuar o meu percurso sozinha, quero quem me queira e perceba que o protegerei para me manter protegida  que o cuidarei para que nunca ouse descuidar-me e para partilhar, de corpo e alma, o tempo de qualidade que ainda me restar. Tenho medo da solidão, SIM, porque não me consigo visualizar muito lá para a frente, não sei de que fragilidades padecerei, nem que sombras me torvarão a visão clara que tenho hoje. Preciso de amar quem me ame de volta, quem não se iniba de o dizer, quem me abrace forte, com a força que construiu mesmo quando ainda nem sequer sabia que eu existia. Quero adormecer aninhada, partilhando serena o que passar a ser tão nosso, que nada mais para trás faça falta.

Não voltarei a repetir que antes orgulhosamente só, porque a solidão é o castigo dos que nunca aprenderam a amar com a intensidade que os fará serem amados de igual forma. Quero ter no meu caminho alguém com desejos e projectos comuns, carregados da única coisa que possuímos realmente, a capacidade de sonhar. Quero quem me queira e quem pare de querer parar o tempo, ele não voltará mais e tudo o que perdermos, hoje, jamais poderá ser recuperado amanhã, sobretudo se ainda continuarem a adiar o inadiável. Quero que venham até mim sem medo, porque se me souberem cuidar, jamais deixarei que se sintam sozinhos, mesmo que por destino parta antes, prometo que estarei à espera para completar tudo o que o tempo nos impediu de fazer.

Estou assustada, cada vez mais, sobretudo com a ideia de nunca chegar a sentir quem saiba sentir genuinamente!

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